A vantagem de se começar cedo

Peguei este texto da Ciência Hoje On-Line, e achei bem interessante.

Os recursos tecnológicos atualmente disponíveis permitem não apenas visualizar em vida as características morfológicas mais diminutas do cérebro, mas também conhecer as propriedades funcionais de cada região cerebral.

Muitos músicos começam cedo, ainda na infância, e treinam dia após dia, durante anos. Suas habilidades motoras são especiais, bem como sua acuidade auditiva. Alguns músicos têm ouvido absoluto, isto é, são capazes de identificar um tom puro isolado, coisa que nós outros não conseguimos, a não ser se o tal tom vier seguido de outros para comparação (ouvido relativo). Maestros têm uma percepção da localização espacial dos sons acima da média das pessoas comuns.

Audição diferenciada, habilidade motora impressionante. Sem falar da sensibilidade emotiva, da criatividade e da disciplina rígida para o estudo e o aperfeiçoamento técnico. Mas o que tem de diferente o cérebro dos músicos?

O eletroencefalograma de alta densidade (com grande número de eletrodos no crânio) e a ressonância magnética funcional (um exame de imagem que aponta as regiões cerebrais ativas para cada função) têm contribuído muito para esclarecer essa questão. Músicos podem ser submetidos a esses exames enquanto ouvem trechos musicais e sons não-musicais ou escutam sons originados de diferentes pontos do ambiente. Ou então, enquanto executam com os dedos trechos musicais, ou apenas imaginam os movimentos correspondentes.

As áreas representadas em cores revelaram-se maiores em músicos. Em vermelho, a área motora do córtex cerebral que comanda os dedos da mão direita dos pianistas. Em amarelo a área auditiva, e em laranja o corpo caloso, uma ponte de fibras nervosas que conecta os dois hemisférios cerebrais, aqui representado cortado no plano mediano. (imagem: Nature Reviews Neuroscience (2002) 3: 474).

Os pesquisadores geralmente comparam músicos precoces (que começaram na infância) com músicos tardios e com não-músicos. Os resultados são claros: a área de comando dos dedos da mão esquerda (a que dedilha) no córtex cerebral de violinistas precoces, por exemplo, é maior que a de violinistas tardios, que por sua vez é maior que a de não-músicos. Mais neurônios tornam-se necessários para comandar dedos tão ágeis.

O corpo caloso, um grande feixe de fibras nervosas que comunicam um hemisfério cerebral com o outro, é maior em músicos, o que possivelmente provoca maior grau de integração entre os dois lados do cérebro e, portanto, possibilita um controle mais preciso e coordenação mais eficiente dos dedos das duas mãos. Não é trivial tocar duas coisas diferentes com cada uma das mãos, no piano. Você já tentou colocar as duas mãos no peito, e bater repetitivamente com a mão esquerda, enquanto a mão direita se move para cima e para baixo?

É um artigo bastante interessante. Realmente, pessoas que desde cedo tem um trabalho de musicalização acabam tendo mais facilidade no aprendizado do que músicos tardios, e o artigo explica os motivos. Apenas penso que não é motivo para que se deixe de estudar música, vendo que teríamos mais facilidade se tivéssemos começado antes. O estudo de música deve ser prazeroso, deve conseguir deixar uma boa sensação no aluno, não importando quão difícil seja.


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