Um violonista se define pelo repertório que toca. Escolher esse repertório é uma das tarefas mais difíceis para um músico, e ainda mais para um violonista.
Como um violonista brasileiro, me sinto obrigado a tocar músicas para violão solo de compositores brasileiros. Além de Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnatalli, Guerra-Peixe, compositores “eruditos”, ter algumas cartas na manga, como Guinga, Paulinho Nogueira, Aníbal Augusto Sardinha (Garoto), João Pernambuco, Ernesto Nazareth. E uns clássicos populares, arranjos de composições de Tom Jobim, Chico Buarque. Acho que isso diferencia o violonista brasileiro, essa veia de musicalidade que possuímos, que é tão bem vista no exterior. Me sinto nessa obrigação de mostrar essa música para pessoas que a desconhecem, e continuar cativando àqueles que a conhecem.
Do mesmo jeito, também sinto uma obrigação de tocar o repertório padrão do violonista erudito. Joaquin Rodrigo, Francisco Tárrega, J. S. Bach, Abel Carlevaro, Fernando Sor, Mauro Giuliani, Leo Brouwer, Manuel Ponce… Obras que precisam ser estudadas, obras que já passaram no teste do tempo, obras que agradam ouvintes desde mil quinhentos e cacetadas…
Só para constar, não falo dessa obrigação como uma coisa ruim. Quando eu falo dessa obrigação, é porque eu considero muito esse tal repertório. E acho que um violonista que se preze não pode não tocar obras tão elaboradas, tão bem-feitas e bonitas como essas.
Além disso, acho interessantíssimo conhecer o trabalho de alguns compositores fazendo violão de acompanhamento, de baixarias, de acordes. Tom Jobim, Chico Buarque, Pixinguinha, Waldyr Azevedo, Jacob do Bandolim, Maurício Carrilho, e tantos outros mestres da MPB e do choro.
[update] Mas não me sinto tentado a tocar violão flamenco, esse lado espanholesco. Acho bonito, gosto de escutar. Talvez um violonista espanhol sinta essa mesma responsabilidade de tocar flamenco como eu tenho de tocar música brasileira. Mas não me interesso. [/update]
Acho que sou um violonista híbrido, não consigo deixar o lado “erudito“ superar o “popular”, nem vice-versa. Talvez por isso essa minha indecisão. Enfim, é complicado. Dá-lhe estudo!
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