TURÍBIO SANTOS (Turíbio Soares Santos) nasceu em 07/03/43, em São Luis do Maranhão. Seu pai, Turíbio Soares da Silva Santos Filho e sua mãe, Neide Lobato Soares Santos, também maranhenses, eram pessoas alegres, amantes da música e das serestas. A família radicou-se no Rio de Janeiro em 1946, trazendo a irmã recém-nascida de Turibio, Giselda. Os irmãos Ronaldo e Cláudio nasceram no Rio de Janeiro respectivamente em 1948 e 1955.
Na chegada, a família hospedou-se com os avós de Turíbio, Dona Martiniana e seu Isaac Lobato, na Tijuca. Mais tarde mudaram-se para Copacabana, em 1948, num dos primeiros prédios da Avenida Nossa Senhora de Copacabana o 109, no posto Dois.
Nesse endereço a família recebia em 1950 as irmãs mais velhas de Turíbio, do primeiro matrimônio do pai, Lilah e Conceição vindas do Maranhão. Elas, como o pai, eram seresteiras e gostavam de um violão. O pequeno Turíbio, acostumado a ouvir o pai e as irmãs, aos 12 anos de idade pediu a mãe para aprender o instrumento. As primeiras aulas serão com Molina e Francisco Amaral, professores das irmãs. Os progressos são muito rápidos e surpreendem a família.
Em 1955, assiste na companhia de seu pai, um filme do mestre espanhol Andrés Segóvia na Embaixada dos Estados Unidos no Rio. Nessa noite conhece três personagens importantes na sua vida: Antônio Rebello (que viria a ser seu professor de violão), Hermínio Bello de Carvalho (poeta, produtor e aluno de Antônio Rebello) e Jodacil Damaceno (violonista assistente de Antônio Rebello). Com Rebello formará uma sólida base profissional, Jodacil vai lhe mostrar todo o universo do violão clássico e Hermínio o da música popular com os amigos Jacob do Bandolim, Ismael Silva, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Araci de Almeida, Dino 7 Cordas, César Farias, Nicanor Teixeira, Elizeth Cardoso, Radamés Gnattali e Pixinguinha.
Já estudando com Antônio Rebello, Turíbio conhece Heitor Villa-Lobos em 1958, numa conferência do compositor na Escola de Canto Orfeônico, na Urca. A pedido de Hermínio Bello de Carvalho ele anota meticulosamente os detalhes da conferência, o que resultará no livro “Villa-Lobos e o Violão” editado anos mais tarde pelo Museu Villa-Lobos. Seus estudos musicais vão sendo feitos com professores particulares até chegar as mãos de Edino Krieger, de quem vem a se tornar um grande amigo.
Em 1961, numa conferência de Hermínio Bello de Carvalho sobre a obra de Villa-Lobos Turíbio tocará para Arminda Villa-Lobos e será por ela convidado a gravar a primeira versão integral dos 12 Estudos do maestro (dedicados a Andrés Segóvia) para o recém-fundado Museu Villa-Lobos.
Entre traduções de livrinhos de bolso e aulas de violão, o jovem Turíbio tenta manter-se fiel ao instrumento. No entanto, na época, a música é mal vista como meio de vida e ele ingressa na Faculdade Nacional de Arquitetura, em 1962.
Nesse mesmo ano, em 27 de julho, dará seu primeiro recital em sua terra natal, São Luís, no Teatro Artur Azevedo, o segundo no Rio de Janeiro na ABI em 17 de agosto e o terceiro no Festival Villa-Lobos, em novembro, executando o Sexteto Místico em 1ª audição mundial.
Em 1963, Turíbio Santos grava em duo com Oscar Cáceres, seu amigo uruguaio e professor desde 1959, para o selo Caravelle. A partir desse momento a carreira profissional é inevitável. No Festival Villa-Lobos de 63 executa os 12 Estudos em 1ª audição da série integral.
Em 1965, ganha o 1º Prêmio do VII Concours International de Guitare da ORTF (Office de Radiodiffusion et Television Française) em Paris e lança sua carreira internacional. Com a vitória, tem a oportunidade de radicar-se na França. Recebe então, um convite para lecionar no Conservatório do X-éme arrondissement em Paris.
Nos meses de julho e agosto estuda respectivamente com Julian Bream e Andrés Segóvia. O impacto dos dois mestres marca profundamente Turíbio. Ele gravará seus primeiros discos na Europa para a RCA em 1967 e 1968: um 45 rotações com obras de Barrios (La Catedral) e Villa-Lobos (Choros nº 1) e um LP acompanhando a cantora brasileira radicada em Paris, Maria D’Apparecida (com canções de Waldemar Henrique, Heckel Tavares, Villa-Lobos, Jayme Ovalle).
Concerto de Aranjuez com o Colegium Musicum de Paris, para a Musidisc Europe, e repertório espanhol de sua livre escolha. O disco, vendido a preços populares atinge a marca de 300.000 exemplares, abrindo-lhe o mercado fonográfico Europeu.De 1965 a 1970, Turíbio terá uma relação profissional estreita com o produtor francês Robert Vidal, mas permanentemente conflitante até um rompimento radical. Durante esse período ele realiza inúmeras turnês para as Jeunesses Musicales de France e programas de rádio com um enorme repertório, muitas vezes gravado em leituras a primeira vista na ORTF.
Sua carreira na Inglaterra é lançada com o auxílio de Raquel Braune da Embaixada do Brasil e da empresária Helen Jennings, em 1967. Turíbio começa a tocar intensivamente nesse país.
Depois de seus dois primeiros discos gravados para a Erato (Os 12 Estudos de Villa-Lobos e o Concerto para Violão e Orquestra, Sexteto Místico e Prelúdios) é convidado pela Erato na condição de artista exclusivo para gravar mais 14 discos durante 14 anos que se seguiram.
Residindo em Paris, Turíbio adota a rotina de apresentar-se no Brasil nos meses do verão europeu. O maestro Eleazar de Carvalho convida-o seguidamente para o Festival de Campos do Jordão. Nos primeiros 10 anos de sua estada em Paris, Turíbio percorre inúmeros países gravando sem parar, empresariado pelo Bureau Yves Dandelot.
Uma de suas atividades mais importantes foi a criação de uma coleção de obras para violão na Editora Max Eschig. Nela figuram originais de Cláudio Santoro, Edino Krieger, Ricardo Tacuchian, Francisco Mignone, Almeida Prado, Radamés Gnattali, Nicanor Teixeira, todas dedicadas ao violonista. Mas também estreia obras de compositores franceses: Andre Jolivet, Henri Sauguet e Darius Milhaud.
Ao mesmo tempo editava na Ricordi de São Paulo uma coletânea resgatando a obra de João Pernambuco, parte gravada por ele em Paris. Garoto (Anibal Sardinha) e Dilermando Reis também elencaram seus discos europeus, criando espaço precursor para a música brasileira.
Em 1984 Turíbio compõe a canção Pagu, quando realiza o roteiro musical do filme de mesmo nome, juntamente com Roberto Gnattali. O roteiro será agraciado com o Kikito do Festival de Gramado.
Entre os concertos de mais destaque da sua carreira internacional figura o da criação do Fonds D’Entreaide Musicale da Unesco, em companhia de M. Rostropovitch e Y. Menuhin (1974), acompanhando a soprano Victoria de Los Angeles (New York, no Y), recital com Yehudi Menuhin em Gstaad (1977), turnê no navio de cruzeiros musicais Renaissance (1972), recital no Petit Palais de Marie Antoinnette (Versailles) e como solista diante das orquestras Royal Philharmonic Orchestra, English Chamber Orchestra, Orchestre National de France, Orchestre J. F. Paillard, Orchestre National de L’Opéra de Monte-Carlo, Concerts Pasdeloup, Concerts Colonne, Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Petrobrás Pró-Música (da qual tem a honra de ser o padrinho).
Em 1974, Turíbio Santos, fixa residência novamente no Rio de Janeiro embora viaje permanentemente até 1980, quando decide suspender as grandes turnês internacionais.
Em 1980 ele é convidado pelo escritor e amigo Guilherme Figueiredo a dirigir a Sala Cecília Meireles, trabalho que realiza até a saída de Guilherme da Presidência da FUNARJ, seis meses depois.
Ao mesmo tempo, sob a inspiração do compositor Ricardo Tacuchian, é convidado a criar o curso de violão na Escola de Música da UFRJ (antiga Escola Nacional de Música). Em 1981 assume a responsabilidade de fazer a mesma coisa na UNI-RIO.
Como fruto dessas atividades é criada em 1982 a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro, formada por alunos de ambas as universidades. Ela grava (Kuarup) e apresenta-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e em várias capitais do país. Vários compositores escrevem para a orquestra (ou transcrevem originais) como Radamés Gnattali, Francisco Mignone, Edino Krieger, Roberto Gnattali. Anos mais tarde, será criada a Orquestra Brasileira de Violões que gravará para a VISON Discos.
Em 1985, falece a madrinha musical de Turíbio e sua grande amiga Arminda Villa-Lobos. O violonista é convidado para dirigir o Museu Villa-Lobos mas prefere ser assessor da pianista Sonia Maria Sttrut, sobrinha de Arminda.
Em 1986, Joaquim Falcão, presidente da Fundação Nacional pró-Memória, convida-o para assumir o posto de Diretor. Turíbio aceita e sua primeira missão foi transferir o Museu do 9º andar do prédio onde se localizava (hoje o Palácio da Cultura) para a bela casa em Botafogo que Arminda destinara como futura sede: Rua Sorocaba, 200.
Em 1987 o Museu Villa-Lobos lidera as comemorações do centenário do compositor em todo o país, realizando mais de 700 concertos.
Sandra e Turíbio, divorciam-se em 1988 encerrando um casamento que durou 22 anos. No ano seguinte casa-se com Marta Clemente e adota seus enteados: Júlio e Alberto.
A partir de 1990 lança novas obras de compositores brasileiros. Sua amizade com Guinga e Sérgio Barboza marca o seu repertório da década.
Até 2002 tem gravado no Brasil discos com a VISON, RITORNELLO, SONY, KUARUP e ROB Digital. No entanto, suas antigas matrizes da ERATO são constantemente relançadas pela WARNER (WEA) em compilações.
Desde que assumiu a direção do Museu Villa-Lobos, Turíbio preocupou-se em dar um desempenho social ao Museu, além do institucional de guardião da obra de Villa-Lobos. Isso levou-o a apoiar um movimento musical na Comunidade Santa Marta (próxima do Museu) e incentivar a realização de Concertos Didáticos na sede da instituição, para escolas públicas e particulares. Fundou a Associação de Amigos do Museu Villa-Lobos/AAMVL (1987), que tem servido de referência para outras instituições.
Em 2000, a convite do cineasta João Salles, ele aceita coordenar o “Projeto Villa-Lobinhos” destinado a proporcionar uma oportunidade profissional para crianças carentes desejando ser músicos. Com os alunos (hoje professores universitários) do antigo projeto na comunidade Santa Marta, um curso é organizado e tem como resposta um forte apoio da sociedade.
Turíbio gravou em 2003 seu 55º disco em Companhia do Quarteto de Brasília e dirige uma bem sucedida edição de música na Editora Jorge Zahar com o título “Violão Amigo“. No dia 02 de julho de 2002 lançou seu livro “Mentiras… ou não?” pela Zahar na sede da Academia Brasileira de Música, na qual é titular da cadeira 38 desde 1992.
Acaba de gravar 5 concertos para violão e orquestra que são: Retratos brasileiros e O mundo é grande de Sérgio Barboza, Danças concertantes, de Edino Krieger, Concerto e Introdução aos choros, de Heitor Villa Lobos. Os três primeiros concertos foram dedicados a Turibio Santos. O disco estará disponível em 2007 na Vison Digital.
Na Delira discos acaba de ser lançado o Cd Violão Amigo.
Turibio Santos foi condecorado como Chevalier de la Legion D’Honneur pelo Governo Francês em 1985 pelo Governo Brasileiro como Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul em 1989.
Fonte: Turíbio Santos, http://www.turibio.com.br
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