Ontem fui na apresentação do Quarteto Maogani, no Centro de Convivência de Campinas. Tenho um CD do quarteto que é demais, tanto que em um post antigo, 10 Grandes Álbuns, ele está incluído.
Não digo que não valeu a pena, mas não foi o que eu esperava. O CD tem um grau de equilíbrio imenso, a impressão que temos é de um grupo que já nasceu tocando junto. Os arranjos são ótimos, acho que o quarteto tem um estilo bastante peculiar, cheio das frases secundárias subindo e descendo em paralelo e com agudos bem definidos pelo violão requinto.
Ao meu ver, pode ser que sejam ótimos violonistas solo, mas como um quarteto eles pecam em vários aspectos. Pra começar, a postura. Um conjunto musical, independente de qual for o estilo, é uma coisa bonita de se ver. Um olha pro outro sugerindo um fraseado, há uma interação. Faltou entrosamento no Maogani, pareceu um tanto mecânica a interpretação. Mecânica como se tocassem as músicas faz muito tempo e não há um trabalho de ensaio pra tentar tirar alguma coisa a mais de cada peça. E mecânica também no que diz respeito ao entendimento da música como uma obra de arte, articulando diferente algumas frases, variando em timbre, intensidade. Também não achei que eles estavam tão sincronizados quanto no CD. O violão de 8 cordas, que marca os baixos, quase não apareceu.
O convidado especial Marcos Suzano marcou presença com uma percussão leve e sem cobrir o quarteto. Nunca tinha visto um show com percussão eletrônica, podendo apenas bater em um pad para sair sons percussivos variados. Em grande parte da sua participação achei que ele utilizou bem os recursos, mas em uma peça em específico pareceu que ele estava testando cada “instrumento” sem saber o que usar, alterando a condução rítmica entre vários instrumentos de percussão a cada frase, ou mesmo no meio da frase.
Enfim, foi um grande espetáculo, mas ainda fico com meu CD.
Destaques:
- Frevo de Orfeu, pela precisão rítmica e movimento da obra.
- Imagina e Lamento no Morro, pelos belíssimos arranjos, com um contraponto fascinante.
- Tira Poeira, que abriu o espetáculo, pelo arranjo e por ser talvez a única música que eles utilizaram mais alguns recursos violonísticos.
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